terça-feira, 12 de julho de 2011

Charles Chaplin

 "Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação." (Charles Chaplin)


Buenas!

Como havia comentado no post sobre a Coppola, estou aqui hoje pra falar sobre ele... O gênio do Cinema, minha inspiração de vida, de admiração pela sétima arte: Chaplin. E se o post da Coppola me tomou horas para poder escrevê-lo já que nunca o julgava bom (e ainda não o julgo. sim, eu sou chata heheh) justamente por admirá-la tanto, imaginem com ele? Mas vou tentar, é o mínimo que posso fazer.
Chaplin em cena de "O Garoto"
Diferente de muitos (da minha idade, pelo menos hehe) o primeiro filme que eu assisti dele não foi no colégio. Sim, foi Tempos Modernos, mas não foi na aula de Geografia hehe. Já nas primeiras cenas dele eu já fiquei como, né... Aquelas ovelhas de rebanho seguindo em uma direção e, logo em seguida, operários fazendo o mesmo seguindo em direção à fábrica. Depois começam as cenas que se tornariam as mais famosas do mundo, as de Carlitos trabalhando mecanicamente na fábrica e enlouquecendo.
Nem preciso dizer o quanto são geniais as cenas, principalmente a de quando ele é engolido pela máquina (cuja cena não consegui achar no youtube, infelizmente, mas coloquei uma foto dela aqui) e aquela na qual seu chefe o usa para ser o teste da nova máquina  que estavam tentando vender: ela alimentava os funcionários para que eles não precisassem parar de trabalhar na hora do almoço (gênio, gênio). Não preciso lembrar que esse filme retrata aquela época tensa das indústrias onde o trabalhador era extremamente explorado e chegava a trabalhar 12 horas por dia para ganhar uma miséria, né? hehe. E convenhamos que o filme é atemporal justamente pelo fato de que a exploração continua em alguns cantos do mundo... E não estou sendo mimimi marxista-comunista, basta abrir os olhos.
Uma das coisas que mais gosto nos filmes do Chaplin é que ele consegue fazer um humor sensacional e, ao mesmo tempo, embute fortes críticas em todos os seus filmes. Não é um humor bobo toscão tipo essas comédias que acham que mostrar um ator vomitando ou se expondo ao ridículo é super-engraçado-meu-deus, nossa! A graça dele, mesmo que seja bobo, é genial (não vou me cansar de usar os adjetivos “genial” e “gênio” nesse post, engulam), tanto que uma frase sua é “que eu seja um comediante, mas um comediante que pensa”.

Chaplin em "Tempos Modernos".

Como fiz com a Coppola, vou falar aqui sobre meu filme favorito dele... Qual é? O Grande Ditador. Eu acho O Garoto lindo. E ainda tem aquele moleque sensacional que consegue roubar a cena até do próprio Chaplin. Luzes da Cidade tem um dos finais mais lindos que já vi na vida, sério, e ainda tem aquela amizade de Carlitos com o rico bêbado (crítica forte nisso aqui, já que o rico só era amigo dele quando bebia) e a fantástica cena da luta de boxe. Monsieur Verdoux é uma comédia de humor negro e é até um pouco estranho assistir Chaplin num papel assim, mas é um filme brilhante, um dos melhores dele. O Circo nos brinda com cenas de humor fantásticas (um exemplo), Em Busca do Ouro tem a clássica cena do balé dos pães e é um filme maravilhoso e até um pouco subestimado, poucos falam sobre. Não posso esquecer também da cena onde Carlitos, por não ter o que comer, cozinha seu sapato e o come, putz... Luzes da Ribalta é um retrato do que aconteceu com Chaplin e o personagem O Vagabundo e, pasmem, ele aceitou morrer nas telas. Que outra pessoa mataria a si mesmo num filme? Pode até ter tido, mas nunca vi hehe. Casamento ou Luxo e Um Rei em Nova York são bons e... só, mas não desgosto deles.
Agora, por que dentre todos estes que eu adoro O Grande Ditador é meu escolhido? Eu poderia dizer que só pelo discurso final que me arrepia até hoje, mas vai além... Chaplin satirizou ditadores com uma genialidade de outro mundo (e a cena clássica do globo, minha gente? aquilo ali ninguém mais faz algo igual ou parecido no quesito importância) e reforçou os valores do ser humano que ele temia que fossem perdidos devido ao avanço da tecnologia e das ambições de alguns. E ainda tem, logo no início, uma das cenas que mais me fez rir em toda minha vida. Sério.
Todos sempre falavam/falam que Chaplin era comunista (ele inclusive foi expulso dos EUA por causa disso, na época do macartismo. babacas.), mas eu sempre o considerei e considero até hoje, acima de tudo, um humanista, por mais que Tempos Modernos seja perfeito para estudar Karl Marx em Sociologia. O apelo dele sempre foi o homem. Essa sempre foi sua base... Meio inocente, eu arriscaria dizer, mas um apelo digno.
E para fechar, eu não poderia deixar de fora o discurso maravilhoso do final de O Grande Ditador...
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
   Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
   O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.  A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
   A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
   Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
   Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
   É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!



"Tudo que eu preciso para fazer uma comédia é um parque, um policial e uma menina bonita..."

Um comentário:

Thiago M. Cezimbra disse...

É isso aí, Kah. Chaplin é o cara. É o maior exemplo, é o maior gênio que o cinema já conheceu. Até hj imitado, mas jamais será igualado. GÊNIO, GÊNIO, GÊNIO. Merece todas as homenagens possíveis...uma pena que as tvs do Brasil sempre o esquecem...